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Justiça climática, soberania alimentar, agroecologia e a luta por direitos serão temas de entrevista colaborativa que acontece nesta terça-feira (28), a partir das 9h (horário de Brasília), com Nury Martinez e Micherline Aduel.

No marco da 8ª Conferência Internacional da Via Campesina, movimento camponês global formado por 182 organizações de pequenos produtores de alimentos de 81 países diferentes, o Fórum de Comunicação para a Integração de Nossa América (FCINA) recebe duas lideranças para falarem sobre as principais bandeiras do evento, que ocorre entre 1 e 8 de dezembro, em Bogotá, na Colômbia.

  • Elsa Nury Martinez Silva, presidenta da Federação Nacional Sindical Unitária Agropecuária da Colômbia, organização que luta por direitos de trabalhadores agrícolas, indígenas rurais e comunidades afrocolombianas, com destaque na luta pela reforma agrária integral na Colômbia
  • Micherline Islanda Aduel, coordenadora nacional de Juventude do Tet Kole
    Ti Peyizan Ayisyen, movimento haitiano de luta pelo direito a liberdades fundamentais como a liberdade de expressão, saúde, moradia e pela proteção do meio ambiente.

A transmissão ao vivo bilíngue é feita pelo canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, organização brasileira que atua há 13 anos na luta pela democratização da comunicação e que integra o FCINA.

Assista, participe e ajude a divulgar!

Referência brasileira em análise internacional, o jornalista Breno Altman tem alcançado protagonismo no debate sobre o massacre promovido pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza. Judeu antissionista, o editor de Opera Mundi se posiciona contra a ocupação ilegal do Estado de Israel em território palestino, criticando o genocídio promovido por Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza.

Recentemente, o jornalista entrou no alvo da Confederação Israelita do Brasil, a CONIB. O expediente é exatamente uma das principais armadilhas narrativas empregadas pelos partidários do Estado de Israel: a confusão entre o que é antissemitismo e o que é antissionismo.

“Antissemitismo é o ódio contra os judeus, que encontrou seu apogeu com o Holocausto, no qual morreram dezenas de meus familiares, entre milhões assassinados pela bestialidade nazista, esmagada pelo Exército Vermelho e a luta dos povos em 1945”, explica Altman.

“Antissionismo”, complementa o jornalista, “é a repulsa contra uma ideologia racista e colonial que envergonha a tradição humanista do judaísmo, manchando-a com o sangue das crianças executadas na Faixa de Gaza. São muitos os judeus antissionistas, como é o meu caso, comprometidos em combater o regime de apartheid construído pela liderança israelense, assim reconhecido por organizações de direitos humanos e pela resolução 3379 da Assembleia Geral das Nações Unidas, vigente de 1975 a 1991, que identificava o sionismo com forma de discriminação racial”.

A ação judicial promovida pela CONIB e acatada pelo juiz Paulo Bernardi Baccarat, da 16ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), determina a exclusão de 11 postagens supostamente “racistas”, impondo multa diária de R$ 500 até o teto de R$ 180 mil em caso de descumprimento.

O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé se soma a um conjunto de entidades e organizações que atuam no campo da luta pela democratização da comunicação e da liberdade de expressão para repudiar a tentativa de amordaçar Breno Altman.

Ao invés de procurar justiça, a manobra censora levada a cabo pela CONIB, na verdade, “passa recibo” de tudo que Altman vem denunciando nos últimos 45 dias: o apartheid promovido pelo sionismo também implica no silenciamento e na invisiblização de quem está em desacordo com o genocídio em curso contra o povo palestino.

Abaixo, reproduzimos a íntegra do posicionamento oficial do jornalista, divulgado amplamente em suas redes sociais e que encontra reverberação nas mídias independentes comprometidas com a solidariedade não apenas com o companheiro de ofício, mas com todas as vítimas do sangrento genocídio em curso, igualmente ofendidas pela perseguição contra a liberdade de expressão e de imprensa neste caso.

Aproveite e reveja debate promovido pelo Barão de Itararé no dia 1 de novembro com participação de Breno Altman:

RESPOSTA À CENSURA SIONISTA

Soube pela imprensa que a CONIB (Confederação Israelita do Brasil) teria obtido medida liminar determinando a retirada de algumas das minhas postagens em redes sociais, sob o risco ser multado.

A alegação dessa agência do Estado sionista é que meus textos seriam “racistas”, por sua suposta natureza antissemita.

De forma cautelar, sem apreciação de mérito, um juiz paulista teria acatado parcialmente as demandas apresentadas. O comportamento dessa entidade é previsível. Sua história é repleta de manobras e artimanhas para defender os crimes praticados pelo regime que representa.

Também são notórios seus vínculos com a extrema direita brasileira, com a qual partilha os piores valores antidemocráticos. A CONIB, ao buscar me censurar, volta-se contra a liberdade de expressão e de imprensa, revelando as entranhas do autoritarismo típico da doutrina que professa.

O sionismo, uma das mais brutais correntes chauvinistas de nosso tempo, persegue implacavelmente quem denuncia as práticas genocidas e de lesa-humanidade cometidas por Israel, tentando condenar seus críticos ao silêncio e à invisibilidade.

Para disfarçar suas intenções, os dirigentes dessa organização recorrem a uma mentira surrada, a da equivalência entre antissionismo e antissemitismo. Antissemitismo é o ódio contra os judeus, que encontrou seu apogeu com o Holocausto, no qual morreram dezenas de meus familiares, entre milhões assassinados pela bestialidade nazista, esmagada pelo Exército Vermelho e a luta dos povos em 1945. Antissionismo é a repulsa contra uma ideologia racista e colonial que envergonha a tradição humanista do judaísmo, manchando-a com o sangue das crianças executadas na Faixa de Gaza. São muitos os judeus antissionistas, como é o meu caso, comprometidos em combater o regime de apartheid construído pela liderança israelense, assim reconhecido por organizações de direitos humanos e pela resolução 3379 da Assembleia Geral das Nações Unidas, vigente de 1975 a 1991, que identificava o sionismo com forma de discriminação racial.

Tenho orgulho de pertencer à militância contra o sionismo, ocupando a mesma trincheira escolhida por meus ancestrais há três gerações. Ameaças e arroubos ditatoriais da CONIB apenas reforçam a minha convicção sobre o papel que devo continuar a cumprir, ao lado de muitas outras pessoas, companheiros e coletivos.

Acusar-me de antissemita é apenas um discurso sórdido e falso, que não consegue ocultar a aliança entre o sionismo e os neofascistas da atualidade (como o primeiro-ministro de Israel, o ex-presidente do Brasil e o recém-eleito presidente da Argentina).

Tomarei as medidas judiciais cabíveis. E multiplicarei todos os esforços, em todos os espaços e momentos, para ajudar a desmascarar o regime sionista e ampliar o trabalho de solidariedade com o heroico povo palestino.

A COM Brasil TV, rede de televisão pública e comunitária, conseguiu os direitos de transmissão dos Jogos Parapan-Americanos 2023 que começaram no dia 17 de seguem até o próximo domingo (26) em Santiago do Chile.

A organização da atividade autorizou a COM Brasil TV a transmitir os jogos. "Agradecemos, sinceramente, o interesse em assumir esta importante responsabilidade na difusão e transmissão de um evento tão significativo como os Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023", diz documento enviado para a emissora.  

Dos 33 países participantes, o Brasil é o favorito e figura em primeiro lugar no quadro de medalhas. Para acompanhar a transmissão do evento pela TV comunitária, basta acessar os canais: 3 (Claro), 28 (Sky) e 239 (Vivo). Também é possível baixar o aplicativo no seu dispositivo ou assistir ao vivo pelo site. 

Confira abaixo a íntegra do documento que garante os direitos de transmissão: 

parapan2023

 

O anúncio da compra do Twitter pelo bilionário norte-americano Elon Musk trouxe um misto de tristeza e revolta para quem luta contra as fake news e uma alegria incontida para a extrema-direita em todo o mundo. Mas é preciso uma análise que vá além da dicotomia e dos 280 caracteres.

A partir das declarações do próprio Elon Musk surgem pelo menos algumas motivações para a compra e uma provável mudança na curadoria de conteúdo dessa plataforma.

Por Renata Mielli* e Gustavo Alves**

Esse pressuposto é fundamental para entender porque um bilionário que não tem nenhuma atuação nas plataformas de tecnologia resolveu investir US$ 43 bilhões numa empresa avaliada em pouco mais de US$ 38 bilhões e que no ano passado registrou um prejuízo líquido de US$ 221 milhões.

A primeira constatação é que ele comprou a empresa para acabar com o pouco de conquistas que a sociedade obteve no processo recente de pressão para que as Big Techs desenvolvessem algum contrapeso para reduzir a disseminação de desinformação e discurso de ódio.

Isso escamoteado pelo argumento da defesa fundamentalista da “liberdade de expressão”, vista como um direito absoluto e que inclusive se sobrepõe a outros direitos. Mas é preciso enfrentar essa retórica oportunista e não ficar na defensiva para afirmar que não existem direitos absolutos, que estabelecer limites para o exercício desta liberdade é tão fundamental quanto a sua própria existência. Não cabe na liberdade de expressão, por exemplo, racismo, homofobia, apologia à morte ou aniquilação de grupos sociais, discursos que atentem contra a vida. Nada disso é opinião que possa ser livremente expressada. Nem em espaços privados como círculos de amigos ou familiares, muito menos em ambientes nos quais se realiza o debate público, como no caso das Plataformas de Redes Sociais.

Por isso, quem defende - como Musk, que o Twitter e outras plataformas sejam "arenas livres", na prática estão colocando em risco as poucas conquistas que a sociedade conseguiu avançar no debate sobre a necessidade de haver mais regras sobre a atividade dessas plataformas, como o reconhecimento tímido do papel deletério da amplificação algorítmica pelas plataformas.

Sob pressão da sociedade, o Twitter patrocinou um estudo para entender qual a possibilidade de seu algoritmo valorizar ou impulsionar uma determinada ideologia política e embora o Twitter tenha divulgado as descobertas da pesquisa em outubro de 2021, só agora o estudo foi publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos), após ter sido revisado por outros cientistas.

O estudo analisou uma amostra de 4% de todos os usuários do Twitter que foram expostos ao algoritmo (mais de 46 milhões) e também analisou um grupo de controle de 11 milhões de usuários que nunca receberam tweets recomendados automaticamente em sua timeline.

A face visível da ação do algoritmo do Twitter é a exposição entre as postagens das contas que você segue, tweets marcados como “você pode gostar”.  Ou seja, o algoritmo está recomendando conteúdo para você.

Isso é feito usando os dados da sua atividade anterior na plataforma, como os tweets que você curtiu ou retuitou. Uma equação estatística aplicada a estes dados lastreia o “aprendizado de máquina”. Assim o computador, em tese, aprende automaticamente com as preferências do usuário e aplica isso a dados que o sistema não viu antes.

Mas existe um fantasma presente nessas equações: o viés. Que segundo esse estudo reforça preconceitos humanos e amplificou os discursos de “direita”.

O estudo analisou o efeito de “amplificação algorítmica” em tweets de 3.634 políticos eleitos de sete países com grande base de usuários no Twitter: EUA, Japão, Reino Unido, França, Espanha, Canadá e Alemanha.

A pesquisa mostrou que em seis dos sete países (a Alemanha foi a exceção), o algoritmo favoreceu significativamente a amplificação de tweets de fontes politicamente inclinadas à direita.

No Canadá por exemplo, os tweets dos liberais foram amplificados em 43%, contra os dos conservadores em 167% e no Reino Unido os tweets dos trabalhistas foram amplificados em 112%, enquanto os conservadores foram amplificados em 176%.

Outro aspecto revelado pelo estudo foi amplificação algorítmica de notícias políticas. O estudo analisou a amplificação algorítmica de 6,2 milhões de notícias políticas compartilhadas nos EUA. E chegou à conclusão que a amplificação das notícias também segue o mesmo padrão.

Ou seja, há uma exposição maior dos conteúdos de direita, fake news e desinformação. 

Esse estudo só foi realizado graças a intensa cobrança da sociedade e após a tentativa de invasão do Congresso americano pela turba fascista alimentada por Trump.

Pois bem, quando se começa a vislumbrar a chance de se entender como os algoritmos alimentam a disseminação de desinformação e discurso de ódio, eis que surge Elon Musk.

Musk é mais um expoente dos fundamentalistas da liberdade de expressão. Para ele, não deve haver limites, o que significa que não deve haver qualquer tipo de moderação sobre o que se diz nas redes sociais. Outro defensor dessa tese é o presidente Bolsonaro.

Segundo Musk, ele quer transformar o Twitter numa "arena de livre discurso".

Ele afirma que irá democratizar o Twitter apostando na abertura do código fonte (a programação interna do Twitter) para que os mecanismos de operação sejam conhecidos e explorados por programadores.

Uma promessa vazia cheirando a “Ouro de Tolo” feita pela mesma pessoa que usou sua conta para atacar pessoas transgêneros e as políticas de combate à transmissão da Covid-19.

A liberdade de expressão tem sido usada - de forma tão indevida, oportunista e equivocada - por expoentes da extrema direita, bilionários e representantes do grande capital. A economia atual é dinamizada pelo modelo de negócios que usa o discurso como mobilizador da atenção.

E o que chama mais atenção é o discurso de ódio, é o preconceito, é a polarização social baseada em grupos que se comportam como torcedores raivosos e não como cidadãos que discutem temas de interesse público e social.

Somos todos sugados pela força centrípeta dos estímulos incessantes provocados pelas redes de alienação e agimos como autômatos reproduzindo, curtindo, compartilhando conteúdos que reforçam a visão do meu “time”, grupo e dos meus pré-conceitos.

Nesse processo, monetizamos toda a economia assentada nas plataformas. Vendemos nosso olhar, nosso corpo e alma e compramos produtos, serviços e ideias, sem qualquer reflexão. Ajudamos a curto circuitar a esfera pública e a desintegrar qualquer possibilidade democrática.

O princípio da inimputabilidade do intermediário, tão importante para o ecossistema da internet, não pode ser confundido com ausência de compromisso e responsabilidade das plataformas com o debate público.

Por isso, a regulação das plataformas de rede sociais, das Big Techs, a partir de amplo debate público é urgente e indispensável. Musk comprou o Twitter, e pode conduzir esta rede a ser um ambiente de afronta a direitos humanos fundamentais e de menosprezo com a democracia.

Mais do que nunca devemos retomar o debate sobre o #PL2630 e reforçar nele todos os elementos que dizem respeito diretamente as obrigações e regras para que as Big Techs atuem no Brasil.

É mais urgente do que nunca que tenhamos uma legislação que regule as atividades desta e de outras plataformas no Brasil, que as obrigue a cumprir os compromissos expressos em nossa Carta Constitucional. O dinheiro pode comprar quase tudo, mas não podemos deixar que ele compre também nossa soberania, a proteção à nossa democracia e esfera pública.

*Renata Mielli – Jornalista, Doutoranda no Programa de Ciências da Comunicação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (PPGCOM-ECA-USP), integrante da Coalizão Direitos na Rede.

**Gustavo Alves – Jornalista, webdesigner e programador, estudante de Ciência de Dados na USP/Esalq.

O Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) promoverá, entre os dias 31/10 e 4/11 a Mostra-Exibição Denoy de Oliveira – A arte da resistência. O evento celebra os 90 anos do nascimento e os 25 anos da partida desse grande cineasta, ator, diretor, dramaturgo, roteirista, produtor e compositor. As atividades acontecerão no Cine-Teatro Denoy de Oliveira (Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista). Serão exibidos dois documentários e quatro longas-metragens de ficção dirigidos por ele, além do curta de animação Cristo Procurado, dirigido pelo irmão, Rui de Oliveira. 

UMES

 O saguão do Cine-Teatro abrigará uma exposição contando a trajetória de Denoy desde os tempos de teatro amador, passando pelo Teatro Nacional de Comédia, CPC da UNE, Grupo Opinião, a consagração como cineasta e a fundação da APACI (Associação Paulista de Cineastas) e do CPC-UMES. Tótens sonoros permitirão aos presentes conhecer um pouco da faceta cantor e compositor de Denoy.

Os materiais foram cedidos pelos irmãos, o também cineasta Xavier de Oliveira e o ilustrador Rui de Oliveira, e pela família da viúva, Maraci Mello. A Mostra-Exibição Denoy de Oliveira – A arte da resistência conta com o apoio da APACI (Associação Paulista de Cineastas) e do Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na
Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal).

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 Denoy Gonçalves de Oliveira (Belém, PA, 1933 – São Paulo, SP, 1998). Diretor, ator, produtor, dramaturgo, roteirista, compositor. Cresce no subúrbio do Rio de Janeiro, onde começa a trabalhar aos 14 anos em funções diversas. Cursa Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir de 1957, sem concluir a graduação, e artes cênicas na Escola de Teatro Martins Pena. Depois de várias peças amadoras, estreia como ator profissional na peça O Círculo de Giz Caucasiano (1962), dirigida por José Renato para o Teatro Nacional de Comédia.

Em 1963 passa a integrar o Centro Popular de Cultura da UNE. Em 1964, após o fechamento do CPC pelo Golpe Militar, funda junto com Ferreira Gullar, Vianninha, João das Neves Teresa Aragão, Paulo Pontes, Armando Costa e Pichin Plá o Grupo Opinião. Começa no cinema com o irmão e cineasta Xavier de Oliveira (1937), fazendo produção, trilhas sonoras e atuando. Em 1973 escreve e dirige seu primeiro longa Amante “Muito Louca”! (1973), prêmio de melhor direção no 2º Festival de Gramado. Muda-se, em 1976 para São Paulo, onde se torna um dos principais articuladores da fundação da Associação Paulista de Cineastas (Apaci). Dirige mais três longas 7 Dias de Agonia (O Encalhe) (1982), O Baiano Fantasma (1984) e A Grande Noitada (1997), pelos quais é premiado nacional e internacionalmente, além de curtas, médias e documentários.

Atua em diversos filmes, além de compor e cantar trilhas sonoras, escrever roteiros e produzir. Em 1994 funda o Centro Popular de Cultura da UMES.
Xavier de Oliveira (Rio de Janeiro, 1937) é cineasta, roteirista, produtor. Seu curta de estreia, Escravos de Job (1965) venceu o 1º Festival JB/Mesbla de Cinema Amador. Dirigiu cinco longas-metragens (Marcelo Zona Sul, André a Cara e a Coragem, O Vampiro de Copacabana, Gargalhada Final e Adágio ao Sol), além de curtas e documentários. Fez também roteiros e, produziu e atuou.



Rui de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro. Estudou pintura no Museu de Arte Moderna desta cidade, artes gráficas na Escola de Belas Artes da UFRJ e, durante 6 anos ilustração na Moholy-Nagy University of Art and Design, em Budapeste. Estudou também cinema de animação no estúdio húngaro Pannónia Film. Foi Diretor de Arte da TV-Globo e da TV-Educativa atual TV-Brasil. Entre suas aberturas e vinhetas destacam-se as criadas para a primeira versão da novela Sítio do Pica-Pau Amarelo e
a reformulação do vídeo-grafismo da TVE.

Já ilustrou mais de 140 livros e projetou dezenas de capas para as principais editoras de literatura infanto-juvenil brasileiras, e é autor de seis filmes de animação, tendo recebido muitos prêmios por seu trabalho com animador e ilustrador. Entre eles por 4 vezes o Prêmio Jabuti de ilustração. Recebeu em 2006 o prêmio de literatura infanto-juvenil da Academia Brasileira de Letras com o seu livro Cartas Lunares.

SERVIÇO:

Exposição Denoy de Oliveira – A arte da resistência
Abertura: 31/10 às 18 horas. Funciona até 4/11, sempre das 18 h às 23 h.
Local: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista – São Paulo. 

Mostra Denoy de Oliveira – A arte da resistência
Abertura: 31/10 até 4/11 sempre às 19 horas.
Local: Cine-Teatro Denoy de Oliveira - Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista – São Paulo.

Programação:

TERÇA - 31/10 – 19 h
Cristo Procurado
CURTA-METRAGEM | 1990 | DIR. RUI DE OLIVEIRA
Amante Muito Louca
COMÉDIA | 1973 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA (DEBATE COM Rui de Oliveira e Xavier de
Oliveira)

QUARTA- 01/11 – 19 h
7 Dias de Agonia (O encalhe)
DRAMA | 1982 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA
QUINTA - 02/11 – 19 h
O Baiano Fantasma
DRAMA | 1984 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

SEXTA - 03/11 – 19 h
Pega Ladrão!
DOCUMENTÁRIO | 1994 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA
Que Filme “tu vai” Fazer?
DOCUMENTÁRIO| 1991 |DIR. DENOY DE OLIVEIRA

SÁBADO - 04/11 – 19 h
A Grande Noitada
COMÉDIA | 1998 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

 

A campanha contra a venda das empresas estaduais que operam o saneamento básico e o transporte urbano sobre trilhos em São Paulo estará na programação do evento “Todo mundo tem que falar, cantar e comer”, que acontece todo último domingo do mês, das 12h às 14h, na Praça Vladimir Herzog (Rua Santo Antônio, 32, Bela Vista, atrás da Câmara Municipal), no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
 
 
Ao longo da atividade, os participantes poderão votar no plebiscito que integra a mobilização contra a privatização da Sabesp, do Metrô e da CPTM. Lançada em 5 de setembro, a consulta vai até 4 de outubro com o objetivo de levar informações sobre o tema à população e alertá-la quanto aos riscos da entrega das empresas públicos à iniciativa privada, notadamente o aumento da tarifa e a queda da qualidade.  
 
Além da distribuição de materiais e da participação de lideranças da campanha, o agito na Praça Vladimir Herzog contará ainda com a execução da marchinha “Privatizou só piorou”, de autoria de Railídia e Edu Batata. Interessados em saber mais e participar da campanha em defesa do saneamento e do transporte público podem acessar o site https://contraprivatizacao.com/

Alimentar o corpo e a alma
 
Nesta próxima edição, no dia 24, o evento na Praça Vladimir Herzog terá como atração principal o músico Edvaldo Santana, que realizará show apresentando sucessos do seu disco “Lobo Solitário”, que completa 30 anos em 2023.
 
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No cardápio do almoço, frango xadrez preparado pelo chef Fernando Gamberini, oferecido a preços módicos ou gratuitamente, dentro da regra "quem pode paga, quem não pode, pega!".  O dinheiro arrecadado cobre o custo dos ingredientes e outras despesas necessárias à realização do evento.
 
A atividade conta ainda com a presença do jornalista Gilberto Nascimento, que abordará o projeto “Movimento Popular de Arte” e falará sobre a recente vitória na Justiça, que negou pedido da Igreja Universal do Reino de Deus para que fosse revelada fonte da reportagem sobre suas movimentações financeiras. Por fim, acontece também ato pela manutenção do “Ó do borogodó”, bar de samba e choro localizado no bairro paulistano de Pinheiros, que corre o risco de ser fechado.
 
O evento “Todo mundo tem que falar, cantar e comer” é uma realização do Instituto Elifas Andreato com o apoio da Banca livraria dos jornalistas Vladimir Herzog, Canal da Praça, Centro Acadêmico Lupe Cotrim (ECA USP), Centro Acadêmico Vladimir Herzog (Cásper), Coletivo Café Sem Pauta, Coletivo Paulo Freire, Colibri & Associados Comunicações, Instituto Premier, Instituto Vladimir Herzog, OBORÉ, SEESP e Câmara Municipal de São Paulo.

O futebol das mulheres ganha o planeta como nunca antes em sua história

Grande dia!
Grande dia de verdade e não o externado pelo boçal que ocupa desastradamente o posto mais alto do executivo brasileiro.

Hoje é um grande dia porque tem início a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino! A anfitriã França abre a competição diante da Coréia do Sul a partir das 16h00 – horário de Brasília – e além da ansiedade pelo ponta pé deste jogo temos muito o que comemorar em termos de visibilidade.

Por Lu Castro, especial para o Barão de Itararé

Há pouco mais de dez anos, assumi uma responsabilidade pessoal: utilizar a tecnologia em favor da visibilidade das mulheres que faziam a bola rolar pelos campos da cidade. Minha primeira busca foi no Juventus, formador por excelência, e sua técnica Magali.

O material, publicado no antigo portal OléOlé, já se perdeu, mas, de lá para cá, perda deixou de ser sinônimo de mulher dentro e fora das quatro linhas.

Avançamos. E os contatos com os principais agentes da modalidade se intensificaram. E espaços alternativos começaram a surgir com mais força na busca pelo tratamento igualitário do futebol de mulheres e homens – ao menos no que diz respeito ao que se noticia, inicialmente.

Observando a movimentação da imprensa nacional, noto um grande cuidado ao tratar do assunto, diferente de muitos outros anos. Acredito que esteja diretamente relacionado ao número de mulheres presentes em redações esportivas, algo que apontei como imprescindível para a melhora na comunicação do futebol de mulheres em mídias tradicionais.

Avançamos. E avançamos noutros tantos aspectos do futebol, inclusive na gestão, onde o trabalho realizado pela ex capitã da seleção, Aline Pellegrino, como diretora de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol, tem ampliado os espaços para trabalhar as categorias de base.

Avançamos. A seleção brasileira tem uma estrutura que nunca teve. A seleção brasileira conta com uniforme próprio e não sobra do uniforme masculino. A seleção tem seus jogos transmitidos de modo inédito em tevê aberta de alcance nacional. A seleção só não tem uma coisa: técnico.

E isso, car@s, é algo que me preocupa tanto quanto me alegra: o fato de termos a Copa do Mundo mais noticiada de todos os tempos.

Diante de uma seleção nacional que caiu no ranking FIFA nos últimos anos, sob o comando de alguém que não tem perfil para comandar o selecionado nacional em nenhuma circunstância – e já o demonstrou em outras ocasiões - que carrega para a França nove derrotas consecutivas, minha expectativa é de termos que reforçar nosso discurso e argumentar como nunca que o que eles (os espectadores desconhecedores da realidade do futebol feminino) estão vendo não é bem isso.

Num momento, em que os olhos do mundo estão voltados para a amarelinha tão conceituada um dia, mostrar um jogo baseado apenas na garras das nossas habilidosas e talentosas atletas, tem sido o protagonista dos meus pesadelos.

Tudo o que lutamos para construir – atletas, gestores, comissões técnicas sérias, jornalistas interessados no assunto – pode sofrer um revés de opinião pública se o coletivo não estiver bem arrumado. E nós sabemos que não está.

Há poucas horas da abertura do mundial mais importante de todos os tempos, vou da euforia e ansiedade que mal me deixou dormir a testa constantemente franzida de preocupação.

Avancemos pois, nossas atletas se entregarão e é muito provável que nos jogos do Brasil o que avance é o nível da gengibrinha pra dar conta da montanha russa de emoções.

Uma mulher registra um boletim de ocorrência acusando um homem por estupro. Em depoimento, descreve que o parceiro teria ficado subitamente agressivo e usado da violência para praticar relação sexual sem seu consentimento. O laudo médico, anexado ao caso, apresenta sinais físicos de agressão e estresse pós-traumático. Em resposta, o homem acusado desmente a história publicamente, argumentando que o episódio não passou de “uma relação comum entre um homem e uma mulher”.

Por Mariana Pitasse, no Brasil de Fato

Esse poderia ser apenas mais um entre os cerca de 135 casos de estupro registrados por dia – que equivalem a cerca de 10% a 15% dos abusos que acontecem diariamente no Brasil, segundo levantamento do Atlas da Violência de 2018. Mas não é um episódio qualquer. O homem acusado é Neymar, um dos jogadores de futebol mais bem pagos do mundo. Por isso, o caso tomou as páginas dos jornais dentro e fora do Brasil nos últimos dias, com ampla repercussão nas redes sociais.

Após a denúncia registrada contra o jogador do Paris Saint-Germain na última sexta-feira (31), a acusadora foi exposta de diferentes formas – pela mídia comercial e pelo próprio Neymar. Para "sensibilizar" a opinião pública, o jogador postou um vídeo em suas contas do Instagram e do Facebook em que diz ser inocente. Ao tentar “comprovar” sua versão dos fatos, divulgou conversas que manteve com a mulher pelo Whatsapp, assim como fotos e vídeos íntimos da acusadora. A ação fez com que o jogador passasse a ser investigado também pelo vazamento de fotos íntimas.

A divulgação do conteúdo não foi um equívoco e, sim, uma escolha. Neymar preferiu cometer um crime virtual para tentar dialogar com pessoas que concordam com a ideia de que uma mulher que envia fotos íntimas pela internet é necessariamente "aproveitadora" e "interesseira".

O que está sendo ignorado nessa leitura rasa proposta pela defesa de Neymar é que a intimidade exposta para milhões de pessoas não diz nada sobre a acusação de estupro. Como lembra a antropóloga Débora Diniz, o que circula é a versão de um homem poderoso que se ancora em elementos do fascínio pelo sexo e na desqualificação fácil das mulheres vítimas de violência sexual. E essa é também a narrativa em que tem se amparado a cobertura da mídia comercial sobre o caso. Mesmo sem afirmar que estão assumindo uma posição, jornalistas passaram o recibo de que a acusadora está tentando se aproveitar do “menino” Neymar.

Entre as reportagens que tomaram conta do noticiário brasileiro nos últimos dias, a matéria Jornal Nacional – no dia seguinte à divulgação das conversas – foi a que mais repercutiu. Ela traz um panorama sobre o caso e ressalta o depoimento de um ex-advogado da mulher afirmando que o estupro não aconteceu. A reportagem também divulga o nome da nova advogada de defesa da mulher, ainda que ela não tenha dado autorização para isso, desrespeitando um princípio básico do jornalismo: a garantia de sigilo das fontes. Na mesma reportagem, sem mostrar as fotografias e vídeos do corpo da mulher, divulgados por Neymar, são expostas frases soltas da conversa em que o jogador aparece enredado em um jogo de sedução.

Em outra reportagem, desta vez publicada no Jornal de Brasília, a mulher tem a vida financeira e judicial revirada. O texto aponta que ela tem uma ação de despejo em seu nome, após três meses de aluguel atrasado, e que acumula dívidas. A reportagem também disponibiliza o nome completo da mulher e detalha suas contas a pagar.

A invasão de privacidade promovida por jornalistas com a justificativa de mostrar a “real versão dos fatos” não terminou por aí. Em reportagem publicada pelo jornal O Globo, a família da mulher é procurada e sua mãe é informada sobre o caso a partir da abordagem da repórter. Dias depois, uma matéria veiculada pelo portal UOL evidencia que o filho da mulher, de cinco anos, está sofrendo com chacotas na internet e na escola por conta da repercussão do caso.

Mais do que a intimidade revirada e exposta em fotos e vídeos íntimos e informações detalhadas sobre sua situação financeira, a mulher teve sua versão dos acontecimentos contestada a todo tempo, de forma pública, inclusive por seu ex-advogado. Mas isso não é levado em consideração, porque tudo parece legítimo quando a motivação é “dar o furo” de reportagem. Na lógica do jornalismo, é necessário apresentar respostas antes mesmo das investigações. Tudo isso com base na “isenção e na imparcialidade”, ainda que à serviço da versão do jogador milionário…

Neymar, por outro lado, segue a rotina de treinos, jogos e compromissos publicitários, blindado por seu estafe. A presença dele está confirmada no jogo amistoso do Brasil contra o Qatar nesta quarta-feira (5).

Paris Saint-Germain e Seleção Brasileira se esquivam de comentar o caso. Familiares e amigos se pronunciam publicamente garantindo que ele é inocente e vítima de uma armadilha. A preocupação maior parece vir dos patrocinadores: ao menos quatro das 10 marcas manifestaram incômodo com o caso, segundo levantamento da Folha.

Comprovada ou não a acusação, a sentença já está dada: a mulher é sempre a ponta vulnerável. Não à toa, segundo o Atlas da Violência, são cerca de 1300 estupros por dia no país – dos quais apenas 135 são notificados.

*Jornalista, editora do Brasil de Fato no Rio de Janeiro e doutoranda em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Edição: Daniel Giovanaz